sexta-feira, fevereiro 03, 2006

Uma Imagem e Mil Palavras


Dizem-me que uma imagem vale por mil palavras. Talvez seja verdade, mas aquilo que espero é que uma imagem e mil palavras possam ser mais do que duas mil.

Dou agora início a uma série de posts com um objectivo, o mesmo de sempre; transmitir a mensagem ecológica e contribuir para a conservação da Natureza. Uma vez que, na vida, não nos podemos dedicar a todas as causas a que aderimos, escolho esta.

Noutros lugares da Net, tenho optado por fazê-lo publicando simplesmente imagens naturais de Portugal, pois durante muito tempo acreditei que esta seria a melhor maneira de passar a mensagem. Na esperança, de que as paisagens apresentadas tocassem na consciência ecológica que existe em cada um, por mais funda ou reprimida que esteja. Mas o que tenho concluído é que para se gostar verdadeiramente de alguma coisa e portanto, se querer preservá-la, é necessário conhecê-la com alguma profundidade, e para isso são também necessárias as palavras; as tais mil palavras que nos falem da imagem, seja contando a sua história ou qualquer outra forma de sinergia (ou melhor, simbiose) de que possa resultar, espero, uma maior proximidade e compreensão daquela que é para mim, a mais importante das causas ambientalistas: a conservação da Natureza.

É isso que pretendo fazer: em cada post, colocar uma, ou mais, fotografias, das muitas que fui coleccionando ao longo de quase 30 anos de passeios a pé pelo que resta de espaços naturais em Portugal e fazê-la/s acompanhar de um pequeno texto.

No entanto, neste primeiro, numa quase desesperada tentativa de captar a atenção, opto antes por fazer uma espécie de concurso. Por alguma razão que não consigo perceber bem, é uma modalidade que desperta grande interesse em muitas pessoas como se pode perceber pelas audiências dos programas de televisão desse tipo.

Lembro-me de há uns anos, quando os meus filhos eram bem mais pequenos, levá-los a dar passeios por umas áreas de mata e zonas agrícolas, que havia ao pé da nossa casa de fim-de-semana, perto de Miranda do Corvo, e de ter grande dificuldade em motivá-los a continuar a andar. Ao fim de poucos quilómetros, o mais novo (Gui) queixava-se que sentia as pernas "velhinhas" e a mais velha (Carolina) começava a perguntar de 3 em 3 minutos quando é que chegávamos a casa. Até que um dia me ocorreu fazer um concurso: ver quem é que ao longo do passeio conseguia recolher mais cartuxos de caça que se iam encontrando ao longo do caminho. Foi um verdadeiro sucesso porque nesse dia (e noutros dias, noutros passeios, noutros sítios) ninguém se sentiu cansado, para além das vantagens da limpeza que fizeram. Ainda hoje lá devo ter algures, uns sacos com cartuxos porque, claro, depois de tanto trabalho, não se podiam deitar fora.

Assim, o concurso consiste em identificar a partir das três imagens, o local onde foram obtidas.

Ganha quem primeiro conseguir determinar o nome exacto desta proeminência rochosa que, posso antecipar, é monumental, com cerca de 40 metros de altura, suponho eu.

A imagem no início do post, é do vale que se pode ver a partir do local. Posso também dizer que é em Portugal, como aliás se poderia deduzir do texto acima.

Queiram pf apresentar as V/ respostas nos comments.

Se não conhecer o sítio mas tiver um palpite em relação à zona ou souber o nome do vale, também será considerado no caso de não haver nenhuma resposta completa.

Daqui a uns dias, darei a solução, com alguma informação adicional.

Quanto ao prémio é que não convém ter grandes expectativas.

Por curiosidade, diz-me o Word que escrevi até este momento, 591 palavras e 2889 caracteres (sem espaços), apenas. Continuemos, portanto.

Não sei se este local ainda existe, tal como o vemos nas imagens. Não, penso que ainda não chegou lá nenhuma estrada nem foi construída nenhuma maison, aldeamento turístico ou mesmo qualquer edifício do estado ou de "utilidade pública". No entanto, disseram-me há dias que ao fundo do vale, virando para Norte ao longo do rio, tinham alargado um caminho de terra e aproveitado para "regularizar" as pedras que se encontravam dispersas pelo leito seco. Certamente algum iluminado que achou que deveria corrigir as "imperfeições" da Natureza. Hoje em dia, com os meios mecânicos acessíveis a baixo preço, qualquer atrasado mental (sem desconsideração para quem sofre de algum tipo de deficiência mental) pode mandar fazer as maiores barbaridades ambientais, sob a bandeira do progresso e do desenvolvimento.

Já lá vai, há muito, o tempo do lavrador que usava a terra de forma sustentável e que a moldava equilibradamente. Hoje, o que mais prolifera é o ignorante que abre uma estrada, regulariza o leito de um rio, requisita uns postes de electricidade e iluminação ou manda plantar uns eucaliptos, em coordenação com o autarca que pretende mostrar serviço para ganhar votos ou simplesmente dar uso aos fundos que lhe são postos à disposição no âmbito de um qualquer programa de investimento (leia-se betão).

Mas não é nisto que estava a pensar. Se a paisagem já não existir tal como a vemos nas imagens, isso será provavelmente devido a algum incêndio que por lá tenha lavrado recentemente. E sobre este assunto, neste momento um pouco adormecido, ocorrem-me algumas ideias que gostava de partilhar convosco até perfazer as tais mil palavras.

A primeira ideia é de que os incêndios são uma coisa natural. De um certo ponto de vista, é apenas a Natureza a corrigir excessos. Plantam-se monoculturas de pinheiro e eucalipto e, tal como já havia sido alertado há décadas pelos ambientalistas, a desgraça é inevitável. A terra seca e as árvores ardem a uma velocidade impressionante. Deste ponto de vista, nem seria propriamente um problema. O verdadeiro drama é que no meio da voragem, ardem também por vezes, relíquias de vegetação autóctone, com valor estético e paisagístico insubstituíveis e que suportam comunidades animais que não sobrevivem fora desse habitat. A conclusão óbvia desta primeira ideia é que não é possível resolver o assunto dos incêndios sem uma mudança de política florestal. "Nem mais um eucalipto plantado nas nossa matas..."

Uma segunda ideia tem a ver com a chamada economia do fogo que é absolutamente indispensável quebrar. Ninguém pode beneficiar com o aumento de incêndios. Exemplos: o bombeiro (ou o chefe, ou o irmão, ou o cunhado) não poderá ter uma empresa de venda de materias de combate a incêndios (basta aplicar algumas das regras já existentes para as compras na função pública e de ética empresarial); os contratos com aviões e outros meios deste tipo seriam contratados por valor fixo por época ou integrados em organismos estatais. Resultado, havendo menos incêndios, o esforço é menor e ganha-se mais dinheiro porque há menos custos.

A terceira ideia, tem a ver com a divulgação de imagens. Restrições, auto-regulamentadas pelos media ou não, que impeçam o desenvolvimento de tendências incendiárias. Nada de novo, se pensarmos que este conceito já é aplicado hoje em dia por exemplo na divulgação de suicídios; se sair a notícia de que alguém se atirou para linha de metro, na semana seguinte há mais três ou quatro que fazem o mesmo. Ou, todos nos lembramos, da altura em que um desperado se barricou com um (ou mais, não me recordo) refém nas instalações da RTP na 5 de Outubro e que gerou logo um efeito de cascata. Ou ainda, o que aconteceu recentemente nos motins em França.

Estas ideias, que não têm nada de original, surgem-me a partir do que considero um bom ponto de reflexão: porque é que há 30, 100 ou 200 anos, com muito menos meios de combate a incêndios, a dimensão do problema era muito menor? Já agora, por favor, não me falem da limpeza das matas que é daquelas coisas que só me ocorre caracterizar como sendo mais um dos designados mitos urbanos.

De incêndios, estamos conversados por agora, que aliás nem era sequer o tema que nos trouxe aqui. Noutros posts falarei de assuntos mais agradáveis.

Olhando novamente para a primeira imagem, vem-me à ideia a "fina abundância de azul" a que o Eça se referiu algures na sua obra.

5 comentários:

PEDRO QUARTIN GRAÇA disse...

Caro Alberto,


Parabens pelo Blog, que desconhecia. Um abraço,

Pedro QG

Joaquim Afonso disse...

Alberto,

Que dizes a fazeres-te sócio do Geota?

Já agora, parabéns pelo blog...

Outra coisa, vou divulgar a tua página ao pessoal da plataforma sabor livre.

Danilo Sergio Pallar Lemos disse...

Excelente postagem!

As imagens nos fazem refletir sobre a perfeição do arquiteto da criação do universo Deus.

Acesse meu blog. www.vivendoteologia.blogspot.com

Bodyboard Life Style disse...

parabens pelo blog....
encontrei o blog porque uma vez estava ah procura de "provas da existencia de Deus" e deparei me com o seu blog...
comecei a ler e a ler e a ler ... e uso mesmo o seu blog para mostrar, que realmente a nao existencia de Deus e fruto da "nossa" cabeça. e que e mais dificil dizer que nao existe do que existe... obrigado

Paulo Cunha disse...

Caro Alberto,

Foi uma agradável surpresa encontrar-te por aqui.
Parabéns pelo Blog,

Paulo Fernando